terça-feira, 21 de junho de 2011

Eduardo Leite BACURI


A história de Bacuri e este livro se voltam inteiramente para o futuro. Para a construção de um Brasil em que não se torture mais, onde as ditaduras não tenham qualquer possibilidade de retorno, onde nenhuma luta pela liberdade, pela igualdade, pela democracia e pelos Direitos Humanos seja reprimida. Enfim, o Brasil onde um jovem com elevados sentimentos de justiça social possa se mudar do interior de Minas para uma metrópole qualquer. E nela trabalhar, estudar, criar, manifestar livremente suas idéias, participar da vida política. Conhecer Denise, amar e ter Eduarda no colo. Sem ser jamais impelido a empunhar armas contra a opressão. E muito menos ser executado covardemente ao final de um calvário de 109 dias de bestiais torturas.

Paulo Vannuchi

Autora

Há 10 anos conheci a história de Bacuri e, desde então, nutria um desejo imenso de um dia dedicar-me especialmente a estudar mais a fundo esta trajetória para compor um livro. Guardei esta vontade por todo este tempo e, desde 2009, dediquei-me a mergulhar nos arquivos dos porões da repressão para pesquisar pistas que me levassem a compreender por que Bacuri foi tão caçado e ferozmente trucidado. Também pedi licença para “invadir” o passado de dezenas de pessoas marcadas pela luta contra a ditadura para conhecer o homem Eduardo Leite e o guerrilheiro Basílio. Revivi entre papéis e relatos (a maioria deles muito emocionantes) os curtos 25 anos de vida desse companheiro, observando mais intensamente os quase três anos em que Eduardo abraçou a militância política e a crença revolucionária de um País livre. E foi aí que realmente compreendi a força de um bom ideal. Meu compromisso com este livro vai muito além do resgate histórico, da reconstituição da memória ou de um bom trabalho jornalístico. O fato é que quem se dedica a este trabalho não é só a jornalista comprometida com a notícia, mas sim a cidadã, que tem como principal compromisso a luta pela memória, pela justiça e pela verdade. Os torturadores mataram Bacuri, acreditando que assim poderiam suprimir sua voz, sua luta. Eles estavam enganados. Porque hoje eu estou aqui para contar essa história!

Vanessa Gonçalves


POR UM TRIZ memórias de um militante da AP


O leitor tem nas mãos a notícia de vida do militante da Ação Popular –AP, Ricardo de Azevedo. Um testemunho para perdurar. Não necessariamente pelo registro em si, mas pela integridade do compromisso de vida com a transformação revolucionária da sociedade brasileira, visível ao longo dos atribulados caminhos que percorreu. Perceptível por aquele instinto sagrado que guia alguns militantes e dirigentes políticos nas horas em que é preciso manter-se numa posição e nas horas em que é preciso mudar de posição para manter-se no caminho. E não se render à acomodação. Um testemunho que em muitos aspectos, encarna a trajetória de uma geração. (...)

Pedro Tierra
Autor


Ricardo de Azevedo


Ricardo de Azevedo nasceu em São Paulo em 27/11/1948; Foi militante da Ação Popular de 1968 a 1980. Esteve preso no Presídio Tiradentes em São Paulo (1969/70). Exilou-se no Chile onde, depois do golpe de Estado em 1973 passou um mês preso no Estádio Nacional. Posteriormente, esteve exilado na França até 1976, quando regressou clandestinamente ao Brasil. Fundador do PT, foi membro da Comissão Executiva Estadual do partido (1987/93), tendo exercido o cargo de secretário estadual de formação política (1987/93). Foi o primeiro diretor da revista Teoria e Debate (1977/83). Diretor da Fundação Perseu Abramo (1996/2006) tendo exercido posteriormente a presidência desta entidade (2006/08). Atualmente, é chefe de gabinete da Secretaria Geral Nacional do PT. É casado há 31 anos com Vera Lúcia Lemos Soares.

Che, um poema guerrilheiro


Nunca foi militar, nem burocrata. Foi simplesmente um jovem, um homem que um dia deixou o bisturi quase virgem, para empunhar a verdade e a poesia. Suas balas foram verdadeiras, mas foram justas. Combatia contra um monstro que parecia imbatível e conseguiu vencê-lo.
Na sua mochila de revolucionário estavam os de sempre, seus amigos poetas, os que como ele também combatiam com a palavra e com as armas se fosse necessário.
Não podiam faltar na Sierra Maestra ou no Congo ou na Bolívia mineira, os poemas dos poetas que o haviam acompanhado nas suas longas viagens pela América profunda: Pablo Neruda, Nicolás Guillén, César Vallejo e León Felipe. Também gostava de ler o poeta turco Nazin Hikmet, que desgarrava com suas inovadoras imagens o mais cruel da essência humana.
Seus amigos, os poetas, lhe escreveram milhares de palavras. Agora é o poeta argentino/ brasileiro Carlos Pronzato no seu livro Che, um poema guerrilheiro quem nos narra seu canto épico a Che Guevara. Sua poesia é direta, suas imagens estão cheias de musicalidade em cada palavra e em cada silêncio. Pronzato fala-nos de um Che que está vivo. Um Che poeta. Lois Pérez Leira Presidente da Cátedra Che Guevara da Galícia, Espanha. Autor de mais de dez livros, entre eles, Cuba, os galegos e o Che.

Carlos Pronzato

A grande partida: anos de chumbo


Um olhar transparente e risonho, mãos ágeis extraindo beleza e rítimo do acordeom, um coração incondicionalmente terno e solidário: estes são traços marcantes dos meus primeiros encontros com Francisco Soriano. Quem poderia advinhar que, por trás deles, se escondesse uma história de tremendo sofrimento físico, mental e psiquico, infligido pelos carrascos da ditadura militar que oprimiu o Brasil durante 21 anos do século 20, em nome dos interesses do grande capital transacional, com a cumplicidade das elites brasileiras e das instituições financeiras multilaterais?
Soriano escreveu A grande partida: Anos de chumbo com o cérebro e o coração. Ele não se limita a narração dos fatos que vivenciou, mas explora com a maestria de um pensador crítico e compassivo os meandros dos sentimentos dele próprio e daqueles que fizeram e fazem parte da sua teia de relações.
Ele compartilha conosco, seus leitores e leitoras, ricos detalhes da sua tragetória pessoal, trazendo-nos para a intimidadede valores mais profundos, desafios mais dramáticos e sublimes esperanças.
Outro valor desta preciosa narrartiva é o de ilustrar a realidade da opressão da ditadura militar brasileira a partir de uma história cujo epílogo é a vitória da resistência de Soriano a todos os horrores e a reafirmação da Vida e da sua Esperança.
Pois só alguém, que construiu em si um espírito forte, compassivo e terno, teria condições de sair desse calvário cheio de disposição para continuar se desenvolvendo e, ao mesmo tempo, continuar atuando na luta pela emancipação do povo e da Nação Brasileira.

Francisco Soriano

Pedro e os Lobos

Apresentação

Decidido a encontrar um eldorado em Mato Grosso, ele deixa seu torrão natal nos cafundós da Serra do Mar Paulista e vai se tormar sargento da então Força Pública, atual Polícia Militar. Exonerado da da corporação por força do Ato institucional número 1, Pedro se transforma então num dos mais ativos guerrilheiros urbanos em ação na luta contra o regime instalado pelos militares a partir de março de 64.
Preso, torturado e banido do país, ele passa pela Argélia, Cuba, Chile e Argentina antes de se fixar na Alemanha Oriental, atrás do que o ocidente costumava chamar de Cortina de Ferro.
Numa reviravolta surpreendente, com a anistia o ex-guerrilheiro retorna ao Brasil e é reintegrado a Polícia Militar, onde hoje é oficial da reserva.
 Misturado a essa incrível biografia, um retrato desconcertante dos Anos de Chumbo, período dos mais conturbados da nossa história.

João Roberto Laque

Resistência atrás das grades


Este livro conta parte importante da história da ditadura militar sob o ponto de vista dos presos políticos, homens e mulheres, que continuaram sua luta dentro das prisões políticas sem se render ao inimigo.
A partir de um diário de greve de fome, escrito numa cela da enfermaria da Penitenciária Regional de Presidente Venceslau, extremo oeste de São Paulo, em 1972, feita para impedir a separação e a repressão dos combatentes encarcerados, é contado o cotidiano das pessoas presas por um Estado que sequer admitia a existência de presos políticos.
Resgatado 37 anos depois e transcrito na íntegra, tal qual foi escrito na época, somam-se a esse diário vários documentos importantíssimos, nunca antes publicados ou que nunca foram analisados adequadamente, para entender o que movia os repressores na sua sanha e quem eram os militantes contra a ditadura.
A lógica da repressão e as muitas tentativas de quebrar a determinação de continuar o combate, mesmo presos, contra um regime ilegal e ilegítimo surgem nitidamente neste livro, que desnuda as diferenças políticas daquelas pessoas nas mãos do inimigo.
Resistência atrás das grades é um retrato fiel de uma época cruel.
Acima de tudo, este livro mostra que a generosidade de uma geração de brasileiros foi maior do que a barbárie do terrorismo de Estado, implantado com o golpe de Estado em 1964.

Maurice Politi


Apresentação

O senso comum diz que em nosso país tudo acontece pacificamente e sem sangue. Não bastassem os exemplos de Tiradentes, Felipe dos Santos e Zumbi, para ficarmos restritos a poucos nomes de personagens históricos, nossa História está cheia de sangue, enfrentamentos ferozes e muita brutalidade dos poderosos contra quem levanta a cabeça para protestar.
Resistência atrás das grades é a prova maior de que em nosso país houve luta até dentro das prisões contra o terrorismo de Estado, implantado pelo golpe de Estado em 1964. Muito mais do que contar a história sob outro ponto de vista, este livro prova com documentos todos os descalabros de regime implantado a partir de um golpe de força contra as instituições e contra a nacionalidade brasileira.
A fartura de documentos oficiais não deixa dúvidas quanto às intenções dos repressores.


De Retirante a Guerrilheiro - Virgílio Gomes da Silva

Este livro dedica-se a recuperar a trajetória pessoal e política de Virgilio Gomes da Silva, cuja biografia transcende sua morte porque sua história faz parte das lutas históricas do povo brasileiro contra a miséria e a opressão.
Virgilio começou vencendo a miséria. Retirante, saiu do sertão do Rio Grande do Norte nos anos 50 para tentar a vida em São Paulo, onde, por meio das lutas sindicais, adquiriu consciência política e tomou contato com as idéias do Partido Comunista Brasileiro. Após a institucionalização da ditadura, processo iniciado a partir do golpe civil-militar de 1964, Virgilio passou a assumir posição destacada na luta contra a opressão, tornando-se um guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional, organização cujos fundadores e líderes foram Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira. Menos de um mês após ter comandado uma das ações mais espetaculares da luta de resistência contra a ditadura, o seqüestro do embaixador americano, Virgilio, o “Jonas” da ALN, foi brutalmente assassinado sob torturas na sede da famigerada Operação Bandeirantes, em 29 de setembro de 1969, e se tornou o primeiro desaparecido político brasileiro.

Edileuza Pimenta e Edson Teixeira


Apresentação

Soube da morte do Jonas de cabeça pra baixo, pendurado em um pau-de-arara, na Operação Bandeirantes. Diante de paredes e pisos manchados pelo seu sangue, entre dezenas e dezenas de perguntas e afirmações simultâneas, em meio a muita pancada, chutes e choques, registrei a triste notícia:- Tá vendo este sangue, é do Jonas, é o sangue de um brasileiro, o filho da puta tá morto!Na véspera de minha prisão, no dia 29 de setembro de 69, o Estado brasileiro havia assassinado o companheiro Virgílio naquela mesma câmera de tortura.Hoje, o Virgílio está mais vivo do que nunca. Cresceu. Perpetuou-se. Fez história. Diferentemente, os seus algozes, os vivos e os mortos, estão encurralados em uma câmera do inferno, sofrem, torturam-se – são uns pobres-diabos.Parabéns à Edileuza e ao Edson, historiadores de ótima cepa, que fizeram uma pesquisa e um trabalho maravilhosos.
Virgílio Gomes da Silva: De retirante a guerrilheiro passa a ser uma referência. É um livro que, praticamente, nasce como um clássico, de leitura obrigatória. E, o melhor, o trabalho também é uma mostra de que está em andamento o fim do reinado do revisionismo subserviente na historiografia do período. Virgílio Gomes da Silva: De retirante a guerrilheiro revela-nos o seu personagem central, o nosso Jonas, como um homem, como gente e, nunca, como o anti-herói ou o vilão, como retratado no filme O que é isso, companheiro?
Boa leitura a todos. Ao longo da narrativa, descobriremos a bela trajetória pessoal e política do Virgílio, um cidadão que não desceu de pára-quedas para comandar a ação de captura do embaixador Elbrick.
Também nos depararemos com capítulos e episódios duros e cruéis, retratos do que era a vida do país naquela época. E, no final, o resultado será gratificante e saberemos melhor prezar o esforço e a resistência do Virgílio, um brasileiro.